quarta-feira, 5 de maio de 2010

Capitanias do Mar (1516-1532)

A administração das terras ultramarinas, que a princípio fora arrendada a Fernão de Noronha, agente da Casa Fugger (1503-1511), ficou a cargo direto da Coroa, que não conseguia conter as frequentes incursões de franceses na nova terra. Por isso, em 1516, D.Manuel I e o seu Conselho criaram nos Açores e na Madeira as chamadas "capitanias do mar", por analogia às estabelecidas no Oceano Índico. O objetivo fundamental era garantir o monopólio da navegação e a política do mare classum (mar fechado). De dois em dois anos, o capitão do mar partia com navios para realizar um cruzeiro de inspeção no litoral, defendendo-o das incursões francesas ou castelhanas. No Brasil, teriam visitados quatro armadas.

As armadas de Jacques assinaram-se com insistência no rio da Prata. Também em 1516 ocorre a primeira tentativa de colonização metódica e aproveitamento da terra com base na plantação da cana (levada de Cabo Verde) e na fabricação do açúcar.

" Na terra de Santa Cruz, o valor e as possibilidades de comércio não justificavam (...) organizações da mesma importância que as feitorias de Portugal na África. Mesmo assim, foram instaladas, quer pelos concessionários do comércio do pau-brasil, quer pelo próprio governo português, várias feitorias, postos de resgate onde se concentravam, sob o abrigo de fortificações primitivas, os artigos da terra que as naus vinham buscar. São por demais deficientes até hoje, as notícias sobre estar feitorias, Igaraçu, Itamaracá, Bahia, Porto Seguro, Cabro Frio, São Vicente e outras intermediárias, que desapareciam, ora esmagadas pelo gentio, ora conquistadas pelos franceses. Mas o próprio comércio do pau-brasil é uma demonstração de sua existência, e as notícias sobre a década anterior, de 1530, salientam a preocupação do Governo portugues de defendê-las. Eram assim postos de resgate de caráter temporário, estabelicimentos efémeros, assolados por entrelopos e corsários francesesm, por selvagens. Por muitos anos cessará todo o interesse de Portugal pelo Brasil. O Brasil ficou ao acaso... Colonizar a nova terra seria dispendioso, sem lucro imediato. Portugal, no auge de sua técnica de navegação, de posse de feitorias fincadas em vastíssimas costas de oceanos, não tinha recursos humanos, com uma população estimada em um milhão de habitantes. Impunha-se uma atitude predominantemente fiscal. Havia o quê? Havia macacos, papagaios, selvagens nus e primitivos. Mas havia pau-brasil..."


Roberto Simonsen em História Econônima do Brasil

http://www.lusoafrica.net/v2/index.php?option=com_content&view-article&id=87&itemid=108